quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Memória de Alfabetização

Alfabetizada com Amor para a vida

Sou Patrícia Andrade de Souza, tenho 29 anos, filha única adotada, minha mãe é formada em magistério e meu pai era comerciante com gosto muito apurado para leitura, todos os dois prezavam por uma educação de qualidade. Uma família de renda não muito favorável, mas o esforço era feito para que o ensino fosse de qualidade por isso estudei até a quarta série em escola particular, foi um sacrifício que valeu a pena. Não aprende a ler na escola, já cheguei sabendo ler e escrever, desde muito nova com meus três anos meus brinquedos eram pedagógicos, tinha um quadro negro, muitos gizes coloridos, muitas folhas de ofício, papel madeira, cola, tintas, vivia em um mundo escolar mesmo sem estar na escola.
Meus pais com certeza eles tiveram papel fundamental no meu desempenho escolar, tanto no desenvolvimento da autonomia, quanto na questão emocional de como lidar com a escola, de saber porque a escola era importante. Aprendi através deles respeitar meus professores, os meus colegas e todos que trabalhavam na escola do porteiro ao zelador a educação que eles me deram carreguei para carreguei para vida toda.
Na primeira série eu comecei a enfrentar muito bullying, e preconceito, racismo, primeiro porque eu sempre fui gordinha ponto e, segunda eu era a única criança negra na minha sala, isso mexia muito comigo e às vezes eu nem queria voltar para escola, foram 2 anos neste desgosto. Eu estava passando por uma crise de identidade, na qual eu não queria mais ser eu, queria ser branca de olhos azuis, cabelo liso e isso é impossível. Foi quando na terceira série eu me encontrei, tinha um projeto pedagógico na escola chamado o teatro na escola, era dado aos alunos da terceira e quarta série vários livros de histórias, divididos em equipes tínhamos a missão de transformar o livro em um teatro falado. A a gente Lia o livro pegava as partes mais importantes e transformava em um teatro, era emocionante. Foi quando a minha equipe misteriosamente ficou com o livro chamado " felicidade não tem cor", e justamente eu e um colega negro que tinha chegado para turma, fizemos o papel principal foi muito emocionante como aquele livro mexeu comigo e transformou o meu inferno e paraíso.
Foi através desse livro que eu comecei a perceber, enquanto minha vida é importante, o quanto a cor de pele não importava o quanto me fazia bem e como a escola era importante. Desde então eu tomei mais amor ainda pela leitura, meu amor pela escola voltou eu agora tinha um aliado contra o bullying os argumentos de um bom leitor.

2 comentários:

  1. Emocionante o destaque da contação de história Paty... Me alegro em perceber que os seus pais foram fundamentais para sua alfabetização. No entanto, senti falta de mais aspectos do processo de aprendizagem da leitura e escrita e dos teoricos que vimos na sala... Acredito que seja importante trazer esses destaques. Contudo, sua narrativa segue fervorosa, ousada e corajosa. Sigamos em frente!

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  2. Interessante Paty; como a escola marca as nossas vidas! Momentos difíceis, momentos de superação! Aprender a ler é abrir-se para além de nós mesmos; ver o mundo pela ótica do outro. A literatura realmente transformou sua vida!! e transforma a de todos nós.

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